Durante toda a gravidez eu e o meu obstetra discutimos a possibilidade de fazer uma cesariana, como o parto da Noa tinha sido uma ventosa dificil mesmo tendo 2.890kg e 46cm estava mais que diagnosticada uma anca "border" incompatível com o bebé que aparentemente tinha mais tamanho e peso que a irmã. Assim agendámos para dia 09 de Setembro às 38+6 semanas.
Posso adiantar-vos desde já que não gostei nada da sensação de saber que aquele seria o dia, andei sempre ansiosa, ao passo que de um parto normal a pessoa nunca sabe quando será, e eu prefiro que assim seja. Aquela contagem descrescente para o dia concreto e não para uma possibilidade estava a arrasar com os meus nervos, mas teve que ser para a segurança do Dinis e para a minha, não queria (e o médico também não) correr riscos desnecessários.
Assim no dia 9 lá fomos às 8:30h da manhã para o hospital, sem a certeza das horas a que faria a cesariana, fui uma pilha de nervos, que só foram aumentando ao longo da manhã, qualquer procedimento que tivesse que fazer era um stress. Porquê perguntam vocês, porque estava em pânico com a possibilidade de estarem a operar-me (convençam-se disto, a cesariana é uma cirurgia) e eu estar ali acordada de barriga aberta!!!
Perto das 11:30h as médicas (sim médicas, o meu obstetra por azar estava de férias, mas felizmente encaminhou-me para umas colegas) vieram mais uma vez ter a certeza de que não queria tentar parto normal (respondi sempre que não).
Uma enfermeira perguntou se tinha brincos ou objectos metálicos, respondo que não que tinha ficado tudo em casa, e lentes? Lentes sim, uso lentes, mas não trouxe os óculos e sem lentes não vejo nada! Não posso ficar com elas? É uma decisão da anestesista responderam-me, mas se ela disser que tem que tirar, tem que tirar... Tive medo de ter que as tirar e ir para o parto cegueta, pedi ao Bruno que fosse a casa buscar-me os óculos, enquanto ele foi e veio vieram buscar-me para ir para o bloco. Pedi para esperarem que ele tinha saído, mas não havia nada a fazer, entrei para a sala e tremia por todo o lado, perguntaram se queria uma manta, respondi que não tremia de frio mas sim de nervos e transpirava, tinha calor, a touca estava a incomodar-me, a bata... O que eu queria mesmo era fugir dali!
Chegou a anestesista, disse-lhe que tinha lentes, ela riu-se e disse que não tinha importância, sentei.me para levar a anestesia (até nisto eu ignorava o facto de ser uma epidural diferente da que é administrada no parto normal), não conseguiu à primeira, nem à segunda, nem à teceira... Uma enfermeira veio por-se à minha frente, deu-me uma almofada e mandou-me abraçá-la enquanto me fazia festas na cabeça e me dizia que ia correr tudo bem, que não tardava e tinha o meu bebé nos braços. Administrada a anestesia comecei a sentir um calor nas pernas, deitei-me e dizia mas eu consigo mexer os dedos, e consegui sempre durante todo o parto, o que era uma sensação estranha, porque sentia mas não sentia dor.
Colocaram os panos preparam tudo, olhei ao relógio eram 12:10h, passei mal, a tensão caiu olhei ao monitor 3/6 fiquei agoniada entretanto administraram qualquer coisa e comecei a sentir-me melhor, parecia que estava dentro de um aquario, meia zonza mas consciente de tudo o que se estava a passar.
Comecei a sentir as médicas a trabalharem e ia perguntando à enfermeira que estava de mão dada comigo se já o conseguia ver, acho que de 30 em 30 segundos... pareceu uma eternidade até o ouvir chorar, estava preocupada, aflita e desconfortável com toda aquela passividade, com o facto de não poder ajudar. Finalmente ouvi-o chorar, e a médica disse que já estava a cabeça de fora, faltava o resto... Finalmente senti aquele alívio quando o tiraran depois de alguns abanões que foram super desconfortáveis e que perguntei à enfermeira se eram normais e se estava tudo bem, o facto de não ver nada deixava-me ainda mais nervosa!!
Finalmente ele estava cá fora, eu super emocionada, num pranto, num misto de felicidade, alívio, e descompressão de todos aqueles nervos acumulados por todas aquelas horas de espera, pedi por tudo para mo mostrarem, como não vi a Noa nem lhe peguei quando nasceu estava ansiosa por o fazer, a médica levantou-o e eu vi-o, comprido e gordinho, ainda com o cordão ligado a mim... pedi para me soltarem para lhe pegar, mas tinha que ir ser aspirado e levaram-no, mas sempre a assegurarem-me de que estava tudo bem! Nasceu às 12:24, 15 minutos sensivelmente, desde que começaram a abrir ate que estava cá fora!!!
Depois de aspirado, limpo, pesado e observado ainda despido só de gorro, trouxeram-no e peguei-lhe pela primeira vez, logo ali o meu amor multiplicou-se em mil bocadinhos, só queria ficar ali, naquele momento, que ainda hoje me emociona, ele vinha a chorar ao colo da enfermeira e assim que se encostou e colocou a mão na minha cara sossegou, , pedi por favor que me tirassem uma foto para eternizar aquele momento tão intenso e especial, sentia as médicas a trabalharem, mas consegui alhear-me de tudo isso só por estar ali com ele, quase no final ainda senti alguns agrafos, o efeito anestesia estava a passar, eram quase 13h, a médica mandou administrar qualquer coisa para as dores que me aliviou de imediato.
Foi uma auxiliar quem tirou a foto, que também esteve ao meu lado o tempo todo, estou-lhe eternamente grata, pelo apoio, conforto e por ter tirado as primeiras fotos ao Dinis. O Bruno não pôde assistir infelizmente, porque este hospital ainda não implementou o protocolo para os pais poderem assistir às cesarianas.
Antes de sair do bloco veio já vestido para o meu colo e fomos para o recobro, lembro-me de sair e de o Bruno estar com um ar super ansioso, e do sorriso que fez assim que nos vimos e que viu o filho pela primeira vez.
Quando ele lhe pegou... quando eles lhes pegam pela primeira vez o que sentimos é imenso, é avassalador, depois de tudo o que passamos, do nascimento, de conhecer-mos o nosso filho, a maior emoção é quando o homem da nossa vida, o pai dos nossos filhos os conhece pela primeira vez,
Disse-me em modo de confissão que já estava a achar demora porque lhe tinham dito que 15-20min estava cá fora, esqueceram-se foi de lhe dizer que era o bebé e que todo o procedimento rondava cerca de 1h...
Correu tudo bem, mas a cesariana foi bem diferente daquilo que pensei que seria... O mais importante foi que tanto eu como ele não corremos riscos desnecessários, claro que a cesariana acarreta outros riscos e pode acarretar outras complicações. Posso dizer-vos que o pós parto é muito mais complicado que de um parto normal, mas noutro dia conto-vos tudo sobre quais são para mim as grandes diferenças entre um parto normal e uma cesariana.
O Dinis nasceu com 50,5cm 3.550kg e segundo as médicas se nascesse às 40 teria muito perto de 4Kg, tendo em conta que engordei 8kg a gravidez toda nunca esperámos que ele tivesse este peso, sempre achámos que rondaria perto dos 3.100/3.200kg, até a médica assim que o tirou disse que nunca na vida ele iria nascer de parto normal, depois da ventosa da Noa com 2.890Kg e 46cm.
É giro ver como eles são diferentes logo desde que nascem, a Noa muito desperta, sempre de olhos abertos a observar tudo, não muito chorona mas um bocadinho, o Dinis come e dorme, está a começar passar mais tempo acordado agora com 3 semanas mas muito menos que a mana, e ele não chora praticamente, ou melhor chora muiiiito menos que a irmã, toda a gente me meteu medo a dizer que o segundo é sempre pior que o primeiro, estava preparada para o pior, no fim de contas é muito mais tranquilo, pelo menos por agora,
Esta foi das primeiras fotos que lhe tirei já no quarto, o Dinis super tranquilo. Os lençóis feitos por mim (tal como os da Noa), a manta é da Zippy, gorro e body da H&M.
Desculpem o post tão longo mas não queria deixar nada de fora! Em breve como foi quando a Noa conheceu o mano, o pós parto, a amamentação e os indispensáveis destes primeiros tempos.
Se quiserem ler sobre o parto da Noa podem
ler aqui ♥